"Quando eu venho com a mãe a gente anda mais rápido".
Eu acompanho o Antonio, meu filho, ao inglês. Sempre o obrigo a caminhadas quando o tempo e o clima ajudam. Ele vai e volta reclamando o conforto do carro. Reclama também do meu ritmo de caminhar.
"Olha, filho, meu ritmo é este. Me recuso a ficar andando rapidinho".
"Porque? Desse jeito a gente demora muito".
"Não gosto de caminhar 'rapidinho'. Me sinto ridículo. Ou caminho ou corro, meio termo não é comigo. Além do mais, não consigo imaginar o... James Bond, por exemplo, andando 'rapidinho'".
"???"
"Imagina só o Clint Eastwood todo 'apressadinho' pela rua? Não dá! Meu caminhar é calculado. Tem o ritmo do cara que parece carregar o mundo nas costas. Ele vislumbra o entardecer, cerra os olhos e descortina a paisagem. O dourado do sol empresta dignidade às rugas, testemunhas indeléveis de experiências boas e más a que a vida o submeteu..."
"Sei... mas com a mãe é bem mais rápido".
Cascudo.
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