quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Escolhas Políticas

    Acredito que a política é, sobretudo, aprender a olhar para o lado e tentar enxergar, dentro dos limites do possível, o outro. Por outro lado, é também um exercício do olhar interno e das descobertas e esclarecimentos que esse exercício traz.

    Nessa eleição, profundamente polarizada, me dediquei a passar boa parte do tempo tentando descobrir o que, sinceramente, pensam aqueles que pensam diferente de mim. Isso não faz de mim uma pessoa melhor ou pior que ninguém, mas, óbvio, uma exceção.

    O que me faz intuir que estou no caminho certo foi a oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre aquilo que acredito e desacredito. Eu, é claro, não sou perfeito, mas não sou burro. E procuro não ceder ao auto-engano mais do que o absolutamente necessário.  

   A polarização dessa campanha tem, claro, seus culpados, mas não pretendo entrar nessa questão. O que acontece é que quase não se consegue conversar sobre política sem entrar numa discussão fundamental com qualquer um que tenha escolhido o outro lado.

   As paixões estão no ar e as escolhas políticas costumam ter horror à dúvida. Mas somos instados a escolher e isso envolve tomar partido, e é nessa questão que pretendo tocar.

  Acho que o momento exige racionalidade, o que envolve, para mim, votar em alguém que não necessariamente pense como eu em relação a todas as questões, ou que seja candidato a santo – não é para isso a eleição, né? – e que nunca tenha cometido seus erros. Mas é muito importante que compartilhe comigo certos valores.

  Ser racional significa contrapor-se ao voto puramente ideológico, normalmente refratário à racionalidade. Partidos políticos e politicos, em suma, não são para ser amados ou suscitar paixões, a meu ver. Já certos valores, como a democracia, a economia de mercado, a liberdade de expressão (inclusive a religiosa) o respeito às leis e um Estado verdadeiramente voltado para seus atributos básicos, que consistem em proporcionar aos seus financiadores (os cidadãos, que pagam seus impostos) educação e saúde de qualidade, bem como segurança, além da vontade (corroborada por ações) de corrigir suas imperfeições, são valores inegociáveis para mim. E sob esse ponto de vista, a meu ver, as candidaturas não são assemelhadas.

  Não custa lembrar que o resultado de uma escolha ruim representará, no mínimo, quatro anos de arrependimento.

  Posso não escolher o candidato que será o vitorioso. Isso me chateia, por um lado, já que confio no meu julgamento e no que ele se baseia, mas qualquer que seja o resultado da eleição, sei que essa escolha foi motivada por sinceros "olhar para o lado" e "olhar interno". O que garante que valeu a pena.


3 comentários:

  1. Cada um tem que ter a idéia de que o seu voto não será apenas mais um no meio de tantos outros, e sim que ele fará total diferença na hora do resultado. Meu candidato pode não sair vitorioso, porém eu terei minha consciência bem tranquila, pois sei dos meus valores. Infelizmente ainda vemos grande parcela da população inconsciente de sua própria opinião.

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  2. Cao,
    nunca senti minha mão tão pesada ao digitar um voto como nessa eleição. A responsabilidade é muito grande em face da situação atual brasileira. Como bem dissestes, espero estar fazendo certo, dentro do que acredito. Essa eleição, "polarizadaça", infelizmente vem mostrar que democracia não combina mais com RESPEITO às opiniões contrárias... BJ Carol

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  3. A meu ver a polarização das eleições tem a ver justamente à um conflito que nada nos favorece. Imagine você, Carlos, você que lê o meu comentário, como seria se tivéssemos dois candidatos no segundo turno que se elogiassem nos debates, que trocassem ideias e valores para que não importasse qual deles chegasse ao poder o maior favorecido fosse o público ao qual eles tanto tentam convencer. Imaginou?
    Infelizmente, uma das fraquezas humanas é a falta do pensamento 'utópico', como eu costumo dizer. Pense em uma situação que você imagina boa, pense como ela poderia ser perfeita, compare a atual com a 'utopia' que você tem em mente e pense denovo se ela é boa.
    Claro que em algum momento devemos nos contentar com um progresso, porém a capacidade que todos nós temos e a nossa vontade de que tudo fosse melhor faz com que a situação atual não nos pareça tão bela, ao menos aos que pensam como eu. A nossa capacidade, a capacidade de uma nação que tem 183 milhões de habitantes, é pra muito mais do que ser peça de uma disputa por poder, por isso espero que todos nós tenhamos consciência de que o nosso voto tem valor e que a política tem muito potencial.
    Todos nós temos poder, a nossa mente, as nossas ideias e o caráter de cada um é a única coisa que ninguém pode ter, e por isso devemos dar importância à política.

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