sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A solidão do Coronel Nascimento

O coronel Nascimento parece carregar o peso daqueles que escolhem – ou não saberiam ter outra escolha – viver segundo suas convicções.

Todas as noites quando chega no seu – modesto – apartamento, abre a geladeira e enche um copo de água gelada. Sob o luto da morte do amigo, sequer acende a luz. É emblemática a sua solidão. Embora respeitado pelos que o conhecem só pelas manchetes de jornal, provoca sentimentos controversos – mesmo medo – naqueles que o conhecem mais profundamente.

O que mais me incomoda em ambos os "Tropas de Elite" é justamente isso: é uma ficção, mas também é um documentário e, para além da constatação de que muito poucas expectativas podemos alimentar a respeito de boa parte de nossa classe política – embora, repito o que já disse aqui, são a nossa melhor saída – é pertinente constatar que pessoas que vivam sob o norte de suas convicções frequentemente intimidam – e a zombaria alheia é um possível reflexo disto – e parecem encaminhar-se para um crescente isolamento, como animais em vias de extinção, mas que têm a petulância de nos incomodar a todos, pois evidenciam nossas fraquezas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário