sábado, 18 de setembro de 2010

Ah, os críticos…

Ah, os críticos…

Tal qual os músicos, os shows, as rádios e as gravadoras, são personagens
indissociáveis da indústria fonográfica.

O curioso é quanto as resenhas críticas revelam sobre nós leitores, que não
escrevem – nem recebem – para dar sua opinião sobre o trabalho alheio.

Minha opinião é que as críticas – negativas ou positivas – fazem parte do
jogo. Nos indignamos, é natural, quando nos julgamos incompreendidos,
injustiçados por uma crítica negativa. Brandimos orgulhosamente as que
coadunam com nossa opinião. Absolutamente natural e compreensível.

Sentimos, por outro lado, uma indisfarçável satisfação em ver artistas de que
não gostamos ser massacrados. Natural também. Essas críticas, que
corroboram com nossa opinião, reforçam a sensação de não estarmos
sozinhos, de compartilhar sentimentos e posições e, de algum modo, nos
confortam. Nada de mórbido nisso, eu acho.

O Nenhum foi muitas vezes alvo de críticas negativas e confesso que
algumas delas foram construtivas, mesmo que não intencionalmente.
Qualquer músico confessaria, por outro lado, que a indiferença dói mais.
Também passamos por isso. De uns anos para cá temos tido mais resenhas
positivas. Acho que o tempo de carreira suscitou alguma generosidade, sabe-se
lá.

Nessa trajetória, dá para dizer que o maior benefício da maturidade é encarar
as críticas, boas e ruins, com boa dose de frieza. Aprendi que ninguém
consegue ser tão impiedoso com minha produção quanto eu mesmo. Fiquei
um pouco insensível a elas.

No entanto ainda me incomoda ler generalizações que alguns criticados
produzem, do gênero: “a imprensa musical”, “as redes de televisão”, a
“intelligentsia”, os “modernos”, são contra o meu trabalho. Ou que essas
multidões – todas elas reunidas – têm um péssimo gosto musical, só
prestigiam os amigos e já perderam completamente a representatividade e
não influenciam mais ninguém. Bobagem.

Gente estúpida e de mau gosto existe em qualquer lugar e ninguém é bom ou
mau porque discorda de mim. Só me reservo o direito de discutir esse
assunto com quem eu escolher. Isso é tudo.

Liberdade de expressão é sagrada e se sujeita a ela todos que colocam o
trabalho na rua.

4 comentários:

  1. Tem plena razão Carlos. Não só a crítica pela criação da música ou por ser o artista que tem os direitos mas também a crítica ao gosto. Muitas vezes já fui criticado por gostar do Nenhum e muitas vezes pensei também que era o mal gosto musical deles. Mas assim como eles não aprovam meus gostos, eu também tenho o direito de não aprovar o gosto deles.

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  2. Acho que a crítica ao gosto musical ou ao estilo musical só pode ser feita a partir do momento em que tu aceites que tua crítica pode ser criticada e assim por diante. Um mundo onde todos podem expressar e ter opiniões livres é um mundo onde todos podem pensar de maneiras diferentes e onde todos podem inclusive se opor aos outros por causa delas. Porém sempre com o devido respeito.

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  3. Ah, os críticos que criticam e são criticados. Ah, os críticos que, apesar de criticarem, fazem parte direta e indiretamente da Indústria Cultural. Ah, os críticos...

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  4. Críticas negativas sempre irão incomodar, mas com maturidade podemos transformá-las em aprendizado ou torná-las insignificantes. Minha única crítica ao Nenhum seria: vocês demoraram muito a visitar Teresina, mas mostraram a todos que esperaram que valeu muito a pena. Voltem logo e sempre. O público da cidade tem agora ainda mais respeito por vocês. Um beijo na mão. ;) p.s. Ler seus textos e acompanhar seu perfil no Twitter virou vício. =)

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