sábado, 4 de setembro de 2010

Cisnes Selvagens




A leitura sempre foi para mim um ato de obsessão. Já percorri corredor de
hotel na madrugada atrás de revistas velhas porque havia esquecido de
colocar livros na mochila. Pareço um pouco orgulhoso disso? E sou.

Nunca consegui, além disso, evitar uma certa melancolia quando acabo uma
obra, mas “Cisnes Selvagens” de Chang Jung me provocou sentimentos de
muitas outras ordens, além desse.

O livro, que recomendo fortemente mesmo para os não particularmente
interessados pela China, é um relato comovente da trajetória de três
gerações de mulheres – a avó, a mãe e a própria autora – que abrange mais
de cem anos de história daquele país, incluindo guerras, a emergência e
instalação do regime comunista, a presença de Mao até as recentes
mudanças que contribuíram para o país reduzir as desigualdades e sair do
isolamento que o maoísmo o colocou.

Diferente de obras de orientação mais teórica, “Cisnes” relata o cotidiano
dessas mulheres, seus familiares e amigos e suas inescapáveis relações
com um regime que, em nome da construção de – mais – uma utopia
socialista sufocou a autonomia e a liberdade das pessoas, entre horrores
bem mais sórdidos, transformando a China num laboratório de 800 milhões
de cobaias de experiências que, ainda bem, estão cada vez mais
condenadas à lixeira da história da humanidade.

Falei de sentimentos que vão bem além daqueles que me perpassam cada
vez que leio um livro. Pois “Cisnes Selvagens” vai bem além de um libelo, é
mesmo um alerta, que provoca tristeza, pena, cumplicidade e – queria falar
disso – profunda indignação a qualquer pessoa que tenha e ame a sua
família, seus amigos, seus amores, enfim, que esteja viva.

Um comentário:

  1. Ôpa, dica devidamente registrada! E vai pra lista de prioridades, afinal, é indicação do Carlos Stein. hehe

    Parece ser bastante interessante mesmo. E tenho interesse particular por esse tipo de temática. Só preciso, antes, colocar as minhas pendências em dia e burlar a minha velha desculpa da falta de tempo. rs

    Um abraço!

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