sexta-feira, 25 de junho de 2010

Era para ser futebol.

Ok, é só futebol. Ou era para ser. Mas as últimas discussões exacerbadas na
mídia evidenciaram atitudes que nem o mais fanático torcedor – daqueles
que acompanham o futebol entre os quatro anos que separam as finais das
copas – poderia antever.
Cenas de rua em Buenos Aires, depois da vitória contra a… deixa eu ver,
sim, Grécia: “somos los mejores del mundo” gritava, espumando, um
torcedor. No futebol, provavelmente não seja mentira. Pelo menos, é uma
boa possibilidade. De resto, poucos como eu lamentam que não seja bem
assim. Assusta um pouco imaginar, e aí é só imaginação mesmo, já que só
tenho como dado as cenas que vi na tv, que os argentinos estejam colocando
sobre o futebol alguma responsabilidade maior que a conquista do título da
copa do mundo DE FUTEBOL.
Por aqui uma polêmica imprevista. Encontramos, finalmente, a culpada pelos
nossos insucessos, já que nossos sucessos têm inúmeros pais e mães: a
imprensa.
Salvaguardando excessos de parte à parte… melhor, salvaguardando
porcaria nenhuma. Certas atitudes, sem as barreiras, frequentemente dizem
mais do que nos é permitido saber, ainda mais no mundo do futebol, cujos
meandros obscuros e negociatas passam à margem da apreciação dos
incautos tocedores que aiinda se entregam à paixão por seus clubes, nem
desconfiando que essa paixão para muitos dirigentes se traduza,
exclusivamente, em lucro e persegui-lo a qualquer preço.
O que mais me chamou a atenção no episódio Dunga X Globo (nem sei se foi
a Globo mesmo, pode ter sido coisa pessoal, e pode ter acontecido com
outras emissoras sem a mesma capacidade de repercussão) foram os
desenrolares. Mensagens de AMIGOS de outros estados – via twitter, será
que els acham que ninguém vê? Talvez ninguém DEVESSE – desancando
uma entidade generalizante que atende pelo nome de “gaúchos”, a quem
qualificam de prepotentes, reacionários e por aí vai. De outro lado,
conterrâneos convocando a mesma entidade para, armados com seus
controles remotos, derrubar a audiência da Globo no próximo jogo de Brasil –
e só este, os outros jogos fica liberado, sabe como é, qualidade de imagem,
reportagem, locução, texto, etc – e, de quebra, ressucitar o antigo sonho da
república Farroupilha! Believe-me!!
O que é o futebol! Qua capacidade tem o “esporte” de mostrar certas coisas,
acima de tudo que tem gente que é bem mais inteligente calada.
Mas a culpa, é óbvio, nada tem a ver com o futebol. E já que toquei no
assunto culpa, não posso dizer que não fiquei meio que surpreso com ambas
as reações, relutantemente me colocando como integrante da entidade
agrupadora e homogeneizante conhecida como gaúcha, sob a sombra da
situação que se pôs, fico me perguntando: de quem é a culpa?
Alguns ressaltam sobre o orgulho de ser gaúcho.
É legal ter orgulho da própria terra. Mais que legal, é funcional, ensina a
gente a ter um sentimento de compartir valores, preservá-los, limpar a casa,
tirar o lixo, mas o próprio dicionário nos lembra que é uma palavra dúbia, que
encerra significados tanto positivos quanto negativos e me incomoda, de
verdade, quando vejo que esse “orgulho” mal disfarça uma arrogância que,
até então, provocava nada mais que sorrisos condescendentes e alguns
bocejos das “etnias” excluídas. Mas os recentes acontecimentos demonstram
que não é bem assim.
É duro ser brasileiro. Resistir à tentação de folclorizar o nosso atraso.
Imaginar que um dia vai existir um pouco mais de igualdade nessa terra, mas
que droga, é a nossa melhor aposta. Esse estranhamento já cansou. É muito
chato!
O patriotismo exagerado potencializado pela copa e ainda mais pela atitude
da nossa (?) seleção tem, para mim, um cheiro meio estranho, ainda mais
micropatriotismos envolvidos. E não é exclusividade dos brasileiros. Tenho
ouvido e visto manifestações descabidas que nem se preocupam em
disfarçar a xenofobia entranhada. A gente não se emenda.
O melhor – bom – exmplo veio da África do Sul: saíram antes das oitavas
mas a festa rolou do mesmo jeito. Afinal, é só futebol, né? Ou era para ser.

6 comentários:

  1. Como é bom ver suas sábias palavaras por aqui novamente.

    Beijos

    Lu

    ResponderExcluir
  2. Em algumas conversas, com amigos, indaguei-vos: por quê há patriotismo a cada quatro anos?
    Tu citou, fielmente, como as pessoas agem de fato; infelizmente.
    Quanto a visão deturpada que alguns seres 'inanimados' teem dos gaúchos nem te esquenta, porque o que vale mesmo é como vocês agem de fato.
    Vivi intensamente belos momentos nessa terra acolhedora e de pessoas generosas.
    Abração!

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  4. EBAAA!!!
    Ele voltou ao mundo tecnológico!! o/
    Espero que seja pra ficar, pois estávamos com saudades!!
    Tuas palavras são sempre muito benvindas!!

    Bjssss!!!
    e até o próximo post!! hehehe...

    ResponderExcluir
  5. A verdade é que enquanto os chefões da 'máfia' futebolística detém o Poder Político, manejando o futebol e seus jogadores do jeito que entenderem, enquanto os meios de comunicação deterem o Poder Ideológico, jogando-nos contra treinadores ou até mesmo contra outros países e enquanto os jogadores deterem o Poder Econômico, ficando com mais dinheiro do que se gasta em uma vida por apenas uma simples diversão chamada praticar esportes, nós seremos apenas mais baterias para a máquina chamada de "vida", ou o que eles esperam que você pense disso.

    Abraços.

    ResponderExcluir